Descrição:
Álvares de Azevedo deixou entre os seus contemporâneos a ideia de um gênio, cuja morte prematura, aos 20 anos de idade, impediu a plena realização de suas possibilidades. A espontaneidade foi, sem dúvida, um dos traços marcantes do poeta paulista, que mesmo sem atingir a genialidade, deixou uma obra formidável , espécie de súmula das inquietações e desejos dos jovens românticos de 1850.
Quais eram essas inquietações? Em primeiro lugar o amor, a aproximação entre os sexos, dificultada e até obstruída pela rígida moral patriarcal . Assim, o simples e humano ato de amar assumia, por vezes, um sentido de transgressão, muito presente na obra do nosso poeta, seja no plano social, seja no psicológico.
O amor estava sempre ligado ao mais desbragado sentimentalismo. Era uma das atitudes bonitas da época, frequentemente corroída por momentos de cinismo e amargura, quase sempre de inspiração livresca. Álvares de Azevedo intoxicou a sua literatura com os venenos sutis destilados das obras do amargo Byron, do melancólico Musset, do pessimista Leopardi.
Ainda bem que tinha em si mesmo um contraveneno poderoso, o seu admirável senso de humor, que o levava a zombar até da morte, como no poema O Poeta Moribundo , desenvolvido "na craveira da mais franca piada" , como observa Antonio Candido no prefácio. Álvares de Azevedo, 150 anos depois de sua morte, continua capaz de comover e encantar o leitor. O que mais pedir a um poeta?
Sobre o Autor
Manoel Antônio Álvares de Azevedo, conhecido também como "Maneco" pelos amigos mais próximos, familiares e admiradores de sua obra, foi um escritor da segunda geração romântica (Ultrarromântica, Byroniana ou Mal-do-século), contista, dramaturgo, poeta, ensaísta e e expoente da literatura gótica brasileira, autor de Noite na Taverna. As obras de Álvares de Azevedo tendem a jogar fortemente com as noções opostas, como amor e morte, sentimentalismo e pessimismo, platonismo e sarcasmo, sendo influenciado por Musset, Chateaubriand, Lamartine, Goethe e, principalmente, Byron.Filho de Inácio Manoel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Silveira da Motta Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo, em 1847, para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde, desde logo, ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental. Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos. Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 20 anos. No entanto, vale ressalva, a causa mortis do autor é um tema historicamente controverso, com diferentes hipóteses. A sua obra compreende: Poesias diversas, Poema do Frade, o drama Macário, o romance O Livro de Fra Gondicário, Noite na Taverna, Cartas, vários Ensaios (incluíndo "Literatura e civilização em Portugal", "Lucano", "George Sand" e "Jacques Rolla") e Lira dos vinte anos. Suas principais influências são: Goethe, François-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset. Figura no cânone da poesia brasileira. Foi muito lido até as duas primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e antologias. As últimas encenações de seu drama Macário foram em 1994 e 2001. É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras.
Antônio Candido de Mello e Souza foi um sociólogo, crítico literário e professor universitário brasileiro. Estudioso da literatura brasileira e estrangeira, é autor de uma obra crítica extensa, respeitada nas principais universidades do Brasil. À atividade de crítico literário somou-se a atividade acadêmica, como professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), onde, entre outros feitos, introduziu, em 1962, a literatura comparada, transformando a disciplina de Teoria Literária em Teoria Literária e Literatura Comparada. Foi também professor emérito da USP e da Universidade Estadual Paulista (UNESP), e doutor honoris causa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade da República do Uruguai (2005). É considerado um dos grandes expoentes da crítica literária brasileira pelo fato de suas obras terem se tornado base essencial para o debate da formação literária nacional associada a uma construção sociológica e ao humanismo. De método dialético, comparatista e sociológico, antecipou a interdisciplinaridade para entender a literatura como expressão da cultura brasileira. Como militante político, foi um dos vários precursores do socialismo democrático no Brasil. Sua idealização do Suplemento Literário, em 1956, caderno de crítica anexo ao jornal O Estado de S. Paulo, até 1966, contando com colaboração de Paulo Emílio Salles Gomes, Wilson Martins, do próprio Antônio Candido e outros, é visto como marco do pensamento crítico brasileiro. Sua obra mais influente, Formação da Literatura Brasileira, foi lançada em 1959. Estreitou relações e amizades com pelo menos duas das grandes gerações de importantes escritores brasileiros, como Oswald de Andrade, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, dos quais escreveu também resenhas, estudos e críticas referenciais e seminais para o entendimento de suas obras. Entre diversos outros prêmios importantes por seu trabalho, recebeu o Prêmio Jabuti em 1965 e novamente em 1993, o Prêmio Machado de Assis em 1993, o Prêmio Anísio Teixeira em 1996 e o Prémio Camões em 1998.
Ficha técnica:
Dimensões: 13.5 x 1 x 18 cm
Ano: 2022
Edição: 1
Autor: Álvares de Azevedo (Autor), Antonio Candido (Compilador)
Editora: Global
Idioma: Português
Código de barras: 9786556122038
Número de páginas: 162
Peso: 230 gramas
Encadernação: Brochura