"É preciso que ouça minha história. Depois poderá escolher entre abandonar-me ou compadecer-se de mim"

A escritora inglesa Mary Shelley tinha apenas dezenove anos quando escreveu Frankenstein, entre 1816 e 1817. Nos primeiros anos, o livro foi publicado sem autoria, que foi mencionada apenas em 1823. Em 1831, ela fez uma revisão e escreveu um prefácio explicando a origem da história. Mary Shelley conduz a narrativa através de cartas enviadas pelo capitão de navio Robert Walton à sua irmã. Num momento em que a embarcação fica presa nas geleiras, Walton dá abrigo a Victor Frankenstein que lhe conta a sua história, dedicada à criação de um ser humano com base nos conhecimentos científicos da época. Frankenstein, que virou sinônimo de criatura monstruosa, é também conhecido como “moderno Prometeu”. Na mitologia grega, Prometeu era um titã, que roubou o segredo do fogo e quis revelar para a humanidade, sendo severamente castigado por Zeus. Essa comparação surge da ideia de que a criação da vida é exclusividade divina.

Mary Shelley

Mary Shelley nasceu em 30 de agosto de 1797 em Londres (Inglaterra). Filha única do filósofo político William Godwin e da escritora e filósofa Mary Wollstonecraft, a romancista inglesa teve uma vida pessoal bastante conturbada. Em 1812, conheceu e se apaixonou pelo poeta Percy Bysshe Shelley, que na época era casado, fugindo com ele para a França dois anos depois, apesar da desaprovação do pai. Mary e Percy viriam a se casar somente em 1816, quando a primeira esposa do jovem veio à falecer. Desde então, o casal passou muitos anos no exterior no intuito de fugir de credores. Nesse meio-tempo, tiveram cinco filhos, embora apenas um deles tenha chegado à idade adulta. Quando, em 1822, Percy morre afogado, Mary, com apenas 24 anos, dedica-se a cuidar do seu único filho, bem como a preservar e divulgar os escritos do falecido marido. Vem a falecer em 1º de fevereiro de 1851, em Londres, acometida por um tumor cerebral. Entre as obras da autora, ganha grande destaque Frankenstein, cuja ideia de narrativa surgiu em uma noite na Suíça, quando o mau tempo a manteve presa em uma mansão na companhia do marido, além de John Polidori, Lord Byron e Claire Clairmont. Quando Byron propôs a todos os presentes o desafio de escreverem suas próprias histórias de terror, Mary pôde provar sua maestria no clássico gótico que se transformou em uma das obras mais lidas, discutidas e adaptadas de todos os tempos.